quinta-feira, 25 de julho de 2013

Degredo

Sair de mim, sem destino nem objetivos traçados.
Perder-me para poder encontrar um ser que desconheço e por vezes vislumbro no acúmulo de bagagens, lembranças, mal querenças, mágoas e alegrias fugazes.
Despertar do longo pesadelo e perdoar a mim mesma dos inconfessáveis deslises cometidos vida afora.
Parir-me da dor e ter a alegria de ver surgir da argila intocada material para ser remodelado.
Sonhos... Nada mais que sonhos. Ninguém muda, apenas encontra novas faces do mesmo poliedro. A reverberação continuará em suas novas formas e disposições. Nada novo, apenas reciclagem de material utilizado e cansado de tanto ser esticado e encolhido conforme a necessidade.
Pedaços justapostos, ou mesmo sobrepostos, sem jamais alcançar o brilho do que poderia ter sido um dia...
Nem mesmo esse degredo será suficiente para aplacar a fúria e o apetite pelo novo.
Sonharam por mim, sem que tivessem procuração. Viveram por mim, sem consentimento. Cheguei sem ser esperada nem desejada. E pior, nunca senti-me aceita ou acolhida.
Apenas algo a ser tolerado pelas conveniências e obrigações.
Nada fiz, nada pedi, apenas rebelei-me. Mas com que objetivo? Quais eram minhas vontades além de negar o que era impostura?
Nem mesmo sei de onde parti. Onde chegarei? Ao fim, como todo mundo.
Resta a questão do que fazer nesse meio tempo. Negando-me o que quero, ou sem saber o que desejo? Continuo sem saber. Tempo e espaço não existem, são conceitos criados para evitar o caos.
Caos. Seria esse meu lar, minha essência, meu destino e vontade?
Degredo. Perder-me para quem sabe encontrar-me.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Ode a Apollo

Com brilho dourado ascende aos céus
afim de a todos encantar com a lira.
Com suas setas, pune os injustos
e com um sorriso, ajuda quem o procura.

O amor foi cantado por ti diversas vezes
e os ouvintes sempre concordaram contigo.
Chega, então, minha vez de ouvir a poesia,
e não é difícil se maravilhar com o que é proferido.

Ilumina e revela o que está à frente.
Aquece e deleita quem descança em sua luz,
que é forte e quente.

Luz que cega e que aquece,
que perdoa e que ensina
a quem devemos dirigir nossas preces.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Musas

Conheço gente que deveria ser paga simplesmente para pensar.
Não estou falando de filósofos, nem cientistas, mas pessoas comuns, que têm idéias brilhantes, exuberantes, em jorros a partir da simples contemplação da atividade alheia.
O brilho e o frescor da novidade, pela observação e curiosidade que lhe são inatas tão fascinantes que renderiam livros. Porém, essas idéias não frutificam, simplesmente porque tais pessoas não são executivas. Não têm o poder de pegar uma única ideia e transforma-la num  negócio e dele viver até o final de seus dias.
Esse manancial não tem fim, e tudo que é proposto tão logo posto em prática dá origem à novas idéias e sonhos e resultados e novidades.
O valor está na inovação, no começo. O simples florescer do inusitado. A repetição não os compras, apenas afoga seu brilho na opacidade da constância.
Este não é um mundo para gênios contemplativos, mas para aqueles que medem e pesam tudo no valor do dinheiro, mas são incapazes de pagar pelas idéias desses seres imaginativos e irrequietos que vivem a míngua e a margem, pois nada chega a ser bom o bastante para ser finalizado, algo novo já superou de forma ainda mais criativa.
É uma cornucópia, e quem souber aproveitar o que dela sai, poderá gerar riquezas, ao contrário do próprio nascedouro que simplesmente dá como se a criação em si fosse desprovida de valor, já que faz parte de sua essência.
Vi tantos fazerem a vida a partir dessas fagulhas e esse idealizador jamais ser reconhecido. Ilustre desconhecido, artista das bolhas de sabão, engenheiro dos castelos de areia, matemático da insustentabilidade, poeta do silêncio, visionário cego do próprio dom.
Faltam mecenas e sobram aproveitadores. Pobre ser fadado a ser seduzido pelas musas inspiradoras e derrotado pelos titãs do empreendedorismo, oportunistas e executores da criação alheia, negando crédito a quem de fato pariu a semente do todo.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Passos

"Já conheço os passos dessa estrada, sei que não vai dar em nada,
Seus segredos sei de cor..."
Ah! Chico Buarque de Holanda. Inveja dessa facilidade de colocar em palavras o que cala fundo na alma.
Mas, esse pequeno trecho musical diz tanto...
Serve para os meus sentimentos, para a vida política desta imensa Nação, para o caminhas dos jovens, e dos mais velhos que vêm a mim.
Saber e não aprender. Não, é mais profundo, você aprende, mas na derradeira hora escolhe os mesmos caminhos, não por já conhece-los, mas por não enxergar outros a sua frente.
A vida como um labirinto, e podemos achar uma Minotauro, uma fada ou simplesmente a própria essência.
Os primeiros passos tão festejados, e os últimos normalmente tão dolorosos. A não ser para os eternamente jovens, os que morrem cedo.
Passos que podem ser guiados, atormentados ou simplesmente dados junto com a multidão que segue sem parar nem pensar para onde ou por que.
Vontade de dar passos a beira mar, com a lua no céu e a água salgada  lambendo as barras largas, o torpor do ar repleto de maresia, não ter destino, apenas solitude e silêncio.
Passos que levem ao retiro da alma cansada de tantas batalhas, apenas pelo prazer de levar um pé adiante do outro, sem destino ou tempo.
Areia, pedras, água, brilho e umidade, toda a humanidade sendo expelidas pelos poros no ritmo das bátidas de um coração que não trai a paz alcançada no conhecimento de saber que não dará em nada.
Os segredos calam dentro de cada um, pois segredo compartilhado é cumplicidade. Segredo é aquilo que somente você conhece, e mais ninguém.
Que fiquem as dúvidas, suspeitas sejam sussurradas, esperanças enaltecidas...
Mais um passo e adeus!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Pantagruel

Quanto apetite! Jamais será saciado.
Você pensou em comida?
Não. Não é esse o apetite do meu Pantagruel.
É conhecimento. Tudo e nada o interessam.
Uma voragem que absorve cada gota que passa a sua frente, e depois a carcaça vazia da fonte é descartada, quase com indiferença infantil.
Mas esta fera não se satisfaz com qualquer coisa. Seu gosto é refinado e seletivo. Portanto o descarte é desumano, por vezes basta uma prova da essência para que o todo seja rejeitado.
Conhecimento em profundidade e  também em amplitude, diâmetro, por menores que sejam os detalhes e as sutilezas que passariam despercebidas a qualquer um. Não deste mestre em esmiuçar cada sentido e facetas da informação e do conhecimento.
Mesmo como leigo suas perguntas são contundentes. Um examinador nato.
Mas, como então esse criador e criatura consegue conceber uma obra derivativa? Tudo que o rodeia faz parte do todo e o todo perde o sentido por não ser obra sua originalmente.
Pena e castigo, a eterna ânsia por criar algo novo.
Então a alucinação o transmuta em fera enjaulada. Seu conhecimento ao contrário de ser libertador, torna-se sua prisão.
Competir consigo mesmo é perder sempre. Não há como apenas um lado ganhar. Maniqueísta?  Sim e não.
Tantos o vêm como inteligente e culto. Outros como distraído, de tão concentrado em seus pensamentos o mundo lhe passa como que alheio, apenas ingenuamente curioso.
Há os que enxergam fracasso em tanto conhecimento desperdiçado, posto que não concretizado em uma obra palpável.
Mas os poucos que de fato conseguem compreende-lo vêm a beleza desse fenômeno irreal e sublime que coloca o conhecimento das forças da natureza, da criação humana e do divino num patamar inimaginável.. Conhecimento intangível aos seus sentidos e anseios.
Nunca nada será suficiente, nem mesmo a vida eterna lhe daria tempo para aprender tudo com a perfeição que almeja.
Benditos os ignorantes, pois a eles é concedida a felicidade.
Você pensa que o Pantagruel é uma fera terrível, desumana, fria, calculista e destruidora? Não, muito pelo contrário.
Pantagruel enxerga beleza onde nada vemos, vê doçura onde outros vêm maldade, chora apenas ao pensar nos filhos. A lua, o formato de um nautilus, a cor de uma gema, o sabor do novo ou da lembrança.
Sua palavra de ordem é a generosidade, dividir o seu saber, ensinar a quem se interessa, apoiar, entusiasmar, consolar, sem jamais pedir qualquer coisa em troca, nem mesmo conhecimento, seu alimento primal.
Pantagruel é visceral.

terça-feira, 2 de julho de 2013

Implacável

Implacavelmente o tempo nos alcança, e antigas expressões que nada significavam passam a ser o compasso e a cadência de nossas existências.
A cada dia damos mais um passo para a linha de frente, seja com alegria, volúpia, indiferença ou temor.
Quando criança perguntava à minha avó e minhas tias Terezinas, Adelinas, Christinas, Benjaminas, e tantas outras matriarcas guerreiras e com gênios implacáveis, por qual razão as linhas no canto de suas bocas eram caídas. Um ricto descendente que não fazia sentido para mim.
A resposta variava: tristeza, sofrimento, choro, perda, amargura, arrependimento. Enfim, decepções da vida que deixaram suas marcas, gravando na pele como o buril na chapa para imprimir uma gravura.
Elas tiveram suas alegrias, mas parece que as tristezas marcam com maior profundidade e inclemência.
As melhores eram aquelas que tinham brilho nos olhos, apetite pela vida, alegria, esperança renovada por nada mais que uma xícara de chá ou um bombocado que tivesse sido feito com gosto.
Qual foi meu espanto ao ver o canto dos meus lábios com o mesmo ricto? Não sei...
Será que meus olhos ainda têm o brilho? Qual era a idade delas? Para onde foram todos os sonhos e as esperanças?
Simplesmente o tempo passou e eu também tive de tudo a minha dose. Continuo sem saber o que está por vir. Só sei que a cada dia estou mais próxima da linha de frente nesta batalha que se desenrola eternamente no Universo.
Vejo hoje estrelas que já não existem e ignoro aquelas que já nasceram mas ainda estão tão distante que nem posso imaginar a cor de sua luz.
Diante de tal dança, qual a importância desse ricto? Na verdade, qual a importância de qualquer coisa ou ser?
Mas, não quero apenas uma xícara de chá ou um bombocado.
Sou implacável. Quero mais. Quero ressurgir de minhas próprias cinzas, construir mais vida, vibração e estradas.
Preciso percorrer caminhos, encontrar motivos, desbravar dificuldades e conquistar o direito de dizer que vivi.
Não vou deixar marcas, nem preciso disso. Apenas ser implacável e não deixar que o tempo destrua o brilho nos meus olhos.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

#Creepypasta Zalgo (He comes)



Zalgo pode ser/é um meme onde uma pessoa pega uma foto/quadrinho popular e corrompe-o, com resultados assustadores. As pessoas também podem usar "textos bagunsados", como um longo caminho de dizer "Zalgo esta aqui" Zalgo pode ser reconhecido em qualquer contexto pelas duas palavras que as pessoas dizem quando Zalgo aparece...
"Ele vem".





Zalgo é um ser que poderia ser melhor descrito como um "horror", uma criatura de extrema terror. Ele é conhecido como "Aquele que espera atrás da parede" e "Nezperdian Hivemind" em alguns círculos. Ele é uma abominação sem olhos, com sete bocas. Sua mão direita segura uma estrela morta e sua mão esquerda segura a vela, cuja luz é a sombra e está manchado com o sangue de Am Dhaegar. Seis de suas bocas falam em línguas diferentes. Quando for a hora certa, o sétimo deve cantar a música que termina a Terra.
 Para chamar o caos que representa mente-colméia.
Invocando a sensação de caos.
Sem ordem.
O Nezperdian mente-colméia de caos. Zalgo.
 Aquele que espera atras da parede.
Zalgo!



Zalgo é a ideia de Dave Kelly (aka "Shmorky"), uma animação Flash e Something Awful "tonto". Foi mencionado pela primeira vez (mas não visto), em paródias de quadrinhos de jornais sindicalizados em uma página semi-secreta em seu site oficial.
Uma vez que a propagação do meme, Shmorky fez várias animações em flash (em seu estilo inimitável, é claro) fazem referência a ele, incluindo Zalgo. Curiosamente, segundo ele Zalgo afeta apenas quadrinhos, desenhos animados e ilustrações, e não a própria realidade. Bem, isso certamente invalida 99% das Zalgo pastas ... a não ser, é claro, ele esteja mentindo ...