sexta-feira, 10 de maio de 2013

Apenas palavras

No pênico da ganância, o café com leite largado ao lixo para cães e gatos. Carcomidos como um pergaminho abandona por Pandora , no frio e no calor de sua caixa, na potência da surpresa prometida pela libélula ao peixe na ponta da carretilha.
O comichão do carrapato, como uma corneta na reticência do gago entre a água e a jabuticaba, a prepotência do purgatório que precede o labirinto do inferno.
A piramide tridimensional, feita de toras e vigas poderosas, sobre a ignorância do padeiro e seu pães, na gelatina petulante da pedra, parapeito sem propósito, como purpurina para uma abelha em sua colmeia.
A luxúria do instante na ponte de enxofre, na ignorância do sexo, uma pantomima de pecados mudando pepinos para bicicletas, numa galeria de luxo no instante de perplexidade púrpura, por sua inconsistência, nas garras da genitália livre da égua da cor de vitrais de silicone.
A mera ilusão de um moinho.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Caos

Quem disse que o rabo do rei da rua  vale mais que a pinta na xibiu da rameira ramelenta?
Não passa de um detalhe inatingível, pipocando na escuridão da candeias. Formando gárgulas, felinas, flexíveis e translúcidas, num deleite de cacoetes místicos, ronronando na escuridão do leve perfeiccionismo flexível, nos detalhes sedutores dos ósculos inebriantes de ninfas em eterno deleite poético.
Um jogo guerreiro com bombas de chocolates, coexistindo com o gutural deleite de uma princesa com aroma de manga e flor.
Abstrato e visceral, como a tangibilidade de um livro orgânico de uma deidade mítica com uma pitada de desvelo no ponto em que o trapézio  ruidoso revela sua negritude.
Uma paródia, agregando a coexistência de balões e amoras transparentes, numa biblioteca de absurdos, flutuando perplexamente como um móbile poético com a energia de quaisquer tripés, com ou sem pantufas, para abafar sua caótica existência.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Infância



            


               Certo, foi um tanto quanto desafiador escolher um assunto para abordar. Como estou numa fase meio “deprê”, resolvi falar um pouco sobre a infância, período que, hoje mais do que nunca, considero como o mais importante na vida de uma pessoa. São os primeiros passos, as primeiras falas, as primeiras ideias e palavras, literalmente.
                Quanto mais eu penso, mais concluo que somos fruto do contexto-social neste mundo capitalista. E, como na infância as informações são guardadas de forma especial, nos moldamos à lógica do sistema em que vivemos. Quando penso nisso, a primeira coisa que me vêm à mente é a “Teoria do Caos”, popularmente conhecida como “Efeito Borboleta”.
                Para quem não conhece, sugiro que dê uma buscada, pode ser pela net mesmo, é uma doidera sem igual. Grosso modo, a teoria, determinista, coloca que os fenômenos casuais também são governados por leis e que estas podem predizer dois resultados para uma entrada de dados. O primeiro é uma resposta ordenada e lisa, sendo que o futuro dos eventos ocorre dentro de margens estatísticas de erros previsíveis. O segundo é uma resposta também ordenada, onde porém a resultante futura dos eventos é corrugada, onde a superfície é áspera, caótica, ou seja, ocorre uma contradição neste ponto onde é previsível que os resultados de um determinado sistema serão caóticos. Uma verdadeira doidera, tentar entender determinações no que não é ordenado, o caos.
                Mas, por que cargas d’água eu falei nessa teoria? Qual a relação com a infância? Ora, segundo a teoria, alterações infinitesimais de temperatura, pressão, e outros, causariam mudanças drásticas em pontos diferentes. Ora, com o ser humano ocorre exatamente a mesma coisa, ao menos da forma que eu vejo. A infância é a época em que mais se aprende justamente porque não se sabe nada, é quando se forma o pensamento e caráter da pessoa, assim como traumas e distúrbios. O que penso é o seguinte, imaginando que existem parâmetros que devem, e que não devem, ser apresentados a uma criança, alterações infinitesimais aleatórias podem impactar profundamente a mentalidade e comportamento desta mesma pessoa anos/décadas depois. Logicamente que não realizei experimentos para embasar, mas quando refleti sobre o assunto, me pareceu extremamente plausível.
                Acho que vale colocar um exemplo. Imaginem uma criança, sei lá, de cinco, seis, sete anos, ou menos. Se o ambiente em que esta criança vive é extremamente caótico, pessoas gritando e brigando o tempo todo, por mais explicável que for o motivo, imagino que a criança vai entender aquilo como se fosse algo natural ou, como consequência drástica da variável aleatória, a criança vai ficar “travada” quando exista maior pressão. Não me parece algo absurdo de acontecer. De vez em quando fico vendo na televisão casos de pessoas que entram em escolas, matam uma porção de alunos e depois se matam. Normalmente a primeira coisa que a mídia faz é afirmar que “por ele jogar jogos eletrônicos violentos ele se torna uma pessoa violenta”. Sinceramente acho isso uma balela.
                Acho muito mais real uma explicação sobre o meio em que essa pessoa cresceu para explicar o que ela se tornou, pois é vendo o passado que conseguimos explicar o futuro. Então, novamente, é só o que EU penso, uma criança que cresceu em um ambiente violento possui uma propensão a compreender como coisa normal ou a criar completo horror.
                Agora vem minha parte favorita da discussão, o que nos influencia predominantemente na infância? Violência é um argumento não muito exato, pois constantemente somos bombardeados por informações das consequências da violência, portanto não é um bom exemplo. Mas e quanto a religião? Vamos imaginar, e não é tão complicado, que desde crianças somos educados, no sentido mais perverso da palavra, a pensar de determinada forma, a compreender verdades absolutas, sendo que existem variações infinitesimais não estimáveis que alteram completamente o campo da probabilidade. Qual seria o impacto desta educação na pessoa? Bem, acho que para isso devemos observar o indivíduo, certo?
                Certo, então, vamos analisar o indivíduo. Não é nenhum segredo que a religião dominante no Brasil é o cristianismo, fazendo ramificações para o catolicismo e para o evangelismo. Não é difícil imaginar que valores cristãos colocados para uma criança sejam agregados pelo resto de sua vida, afinal foi um dos alicerces pelo qual ele desenvolveu a pessoa que é.

‘Mas Feanor, se você considerar isso, tem de considerar que qualquer outro fator aleatório influencia monstruosamente a vida da pessoa.  Quer dizer que se uma criança que tropeça ao tentar caminhar nunca vai esquecer ou levar isso para a vida toda?’ Pelo menos seria isso que eu me perguntaria.

                Bem, de certa forma, sim. Lógico que qualquer variação infinitesimal que ocorra na infância ocasionará grandes mudanças no futuro, apesar de não saber se positivo ou negativo, é impossível impedir ou negar todas, do contrário a criança seria um vegetal vivo. A questão que coloco, e planejo terminar o texto com ela, é a seguinte:

                Porque deixamos instituições e pensamentos absolutos entrarem em contato com as crianças? Domesticação, talvez?

PS: peço desculpas, pois esse texto era para ter sido postado ontem, 01/05/13, mas não consegui abrir a página para fazer uma nova postagem. Espero que consiga agora, pois estou digitando tudo no Word.

PSS: Pretendo aprofundar esse assunto em algum texto mais para frente, muito provavelmente o próximo.
 
Att.

Feanor