Certo, foi um tanto quanto desafiador escolher um assunto
para abordar. Como estou numa fase meio “deprê”, resolvi falar um pouco sobre a
infância, período que, hoje mais do que nunca, considero como o mais importante
na vida de uma pessoa. São os primeiros passos, as primeiras falas, as
primeiras ideias e palavras, literalmente.
Quanto
mais eu penso, mais concluo que somos fruto do contexto-social neste mundo
capitalista. E, como na infância as informações são guardadas de forma
especial, nos moldamos à lógica do sistema em que vivemos. Quando penso nisso,
a primeira coisa que me vêm à mente é a “Teoria do Caos”, popularmente
conhecida como “Efeito Borboleta”.
Para
quem não conhece, sugiro que dê uma buscada, pode ser pela net mesmo, é uma
doidera sem igual. Grosso modo, a teoria, determinista, coloca que os fenômenos
casuais também são governados por leis e que estas podem predizer dois
resultados para uma entrada de dados. O primeiro é uma resposta ordenada e
lisa, sendo que o futuro dos eventos ocorre dentro de margens estatísticas de
erros previsíveis. O segundo é uma resposta também ordenada, onde porém a
resultante futura dos eventos é corrugada, onde a superfície é áspera, caótica,
ou seja, ocorre uma contradição neste ponto onde é previsível que os resultados
de um determinado sistema serão caóticos. Uma verdadeira doidera, tentar
entender determinações no que não é ordenado, o caos.
Mas,
por que cargas d’água eu falei nessa teoria? Qual a relação com a infância?
Ora, segundo a teoria, alterações infinitesimais de temperatura, pressão, e
outros, causariam mudanças drásticas em pontos diferentes. Ora, com o ser
humano ocorre exatamente a mesma coisa, ao menos da forma que eu vejo. A
infância é a época em que mais se aprende justamente porque não se sabe nada, é
quando se forma o pensamento e caráter da pessoa, assim como traumas e
distúrbios. O que penso é o seguinte, imaginando que existem parâmetros que
devem, e que não devem, ser apresentados a uma criança, alterações
infinitesimais aleatórias podem impactar profundamente a mentalidade e
comportamento desta mesma pessoa anos/décadas depois. Logicamente que não
realizei experimentos para embasar, mas quando refleti sobre o assunto, me
pareceu extremamente plausível.
Acho
que vale colocar um exemplo. Imaginem uma criança, sei lá, de cinco, seis, sete
anos, ou menos. Se o ambiente em que esta criança vive é extremamente caótico,
pessoas gritando e brigando o tempo todo, por mais explicável que for o motivo,
imagino que a criança vai entender aquilo como se fosse algo natural ou, como
consequência drástica da variável aleatória, a criança vai ficar “travada”
quando exista maior pressão. Não me parece algo absurdo de acontecer. De vez em
quando fico vendo na televisão casos de pessoas que entram em escolas, matam
uma porção de alunos e depois se matam. Normalmente a primeira coisa que a
mídia faz é afirmar que “por ele jogar jogos eletrônicos violentos ele se torna
uma pessoa violenta”. Sinceramente acho isso uma balela.
Acho
muito mais real uma explicação sobre o meio em que essa pessoa cresceu para
explicar o que ela se tornou, pois é vendo o passado que conseguimos explicar o
futuro. Então, novamente, é só o que EU penso, uma criança que cresceu em um
ambiente violento possui uma propensão a compreender como coisa normal ou a
criar completo horror.
Agora
vem minha parte favorita da discussão, o que nos influencia predominantemente
na infância? Violência é um argumento não muito exato, pois constantemente
somos bombardeados por informações das consequências da violência, portanto não
é um bom exemplo. Mas e quanto a religião? Vamos imaginar, e não é tão
complicado, que desde crianças somos educados, no sentido mais perverso da
palavra, a pensar de determinada forma, a compreender verdades absolutas, sendo
que existem variações infinitesimais não estimáveis que alteram completamente o
campo da probabilidade. Qual seria o impacto desta educação na pessoa? Bem,
acho que para isso devemos observar o indivíduo, certo?
Certo,
então, vamos analisar o indivíduo. Não é nenhum segredo que a religião
dominante no Brasil é o cristianismo, fazendo ramificações para o catolicismo e
para o evangelismo. Não é difícil imaginar que valores cristãos colocados para
uma criança sejam agregados pelo resto de sua vida, afinal foi um dos alicerces
pelo qual ele desenvolveu a pessoa que é.
‘Mas Feanor, se você
considerar isso, tem de considerar que qualquer outro fator aleatório
influencia monstruosamente a vida da pessoa.
Quer dizer que se uma criança que tropeça ao tentar caminhar nunca vai
esquecer ou levar isso para a vida toda?’ Pelo menos seria isso que eu me
perguntaria.
Bem, de
certa forma, sim. Lógico que qualquer variação infinitesimal que ocorra na
infância ocasionará grandes mudanças no futuro, apesar de não saber se positivo
ou negativo, é impossível impedir ou negar todas, do contrário a criança seria
um vegetal vivo. A questão que coloco, e planejo terminar o texto com ela, é a
seguinte:
Porque
deixamos instituições e pensamentos absolutos entrarem em contato com as
crianças? Domesticação, talvez?
PS: peço desculpas, pois esse texto era para ter sido
postado ontem, 01/05/13, mas não consegui abrir a página para fazer uma nova
postagem. Espero que consiga agora, pois estou digitando tudo no Word.
PSS: Pretendo aprofundar esse assunto em algum texto mais para frente, muito provavelmente o próximo.
Att.
Feanor