segunda-feira, 24 de junho de 2013

Protesto

Protesto, pois já não aguento mais ser protestada.
Devo não nego, pagarei quando puder.
Quando poderei? Não sei. Um dia, quem sabe... Nesta vida, será ela suficiente para tantas dívidas?
Dívidas de gratidão, dívidas de injustiça, dívidas de amor e finanças. Ah! Dividas financeiras. Como sair delas.
Neste país você já nasce devendo e morre deixando dívidas de herança.
Todos lhe devem e você deve a todos. Uma ciranda eterna e maligna que consome suas entranhas e o mata em vida, pouco a pouca, minuto a minuto.
Acaba com suas alegrias, as pequenas satisfações, os pequenos desejos que nunca se realizam.
Tudo é proibitivo.
Você corta sua carne e sangra. Mas nunca basta. Amanhã chegam contas novas de dívidas antigas.
Para mim bastaria tão pouco. No entanto está muito além do que posso conseguir.
Ironia. Viver em meio ao fausto alheio, o desperdício e insatisfação de quem tudo tem e saber que o seu nada resolveria tudo.
Vergonha de se ver cobrado por aquilo que sabe ser sua obrigação assumida e juramentada, em tempos em que a vida lhe sorria, mas você não havia percebido que ela era banguela.
Ilusão. Nada além de papel destruindo a essência de quem poderia oferecer tanto a tantos.
Resta não o ultraje, mas o sentido da insignificância.


Nenhum comentário:

Postar um comentário