sexta-feira, 14 de junho de 2013

Tributo a Neil Gaiman

Desespero agarrou-se ao cérebro da mulher com seus tentáculos. Aproveitou as ancoragens deixadas por Desejo, mas ao invés da insensata leveza e flutuação de uma antiga suspensão, sentia a carne, os músculos e cartilagens romperem-se. Gritando. Dor e cérebro num infinito turbilhão de insuportável  falta de qualquer resquício de possibilidades.
Cada grilhão e corrente trazendo à superfície da pele a insustentável sensação de impotência e exaustão. Flacidez da alma diante do inexorável sofrimento. Tormento eterno de quem desistiu de tudo.Da mais infinita profundeza de seu ser até a ponta do último fio de cabelo, a sensação insuportável de um mero capricho.
Neil Gaiman abraçado a Sandman, assistem a cena com ar tranquilo e quieto, como para ver quais os desdobramentos.
Deleite mal pode conter-se ao ver Destino e Delírio brincando com a mulher subjugada por Desespero, movidas apenas pelo tédio.
Tédio que não move sequer Destruição.
Falta apenas uma única imortal, aquela que a mulher sempre cultivou em seu coração, inspirou suas tatuagens, sua esperança derradeira, sua amiga fiel.
Mas, a irmã mais velha de Sandman, só vem quando chega sua vez. Ainda não é a hora. Esta será a jornada. Debater-se entre os seis imortais até que finalmente a Morte a brinde com sua bem-vinda presença, tão certa e inquestionável. Linda, exótica, forte e poderosa, tudo o que a mulher jamais conseguiu ser.


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