Sair de mim, sem destino nem objetivos traçados.
Perder-me para poder encontrar um ser que desconheço e por vezes vislumbro no acúmulo de bagagens, lembranças, mal querenças, mágoas e alegrias fugazes.
Despertar do longo pesadelo e perdoar a mim mesma dos inconfessáveis deslises cometidos vida afora.
Parir-me da dor e ter a alegria de ver surgir da argila intocada material para ser remodelado.
Sonhos... Nada mais que sonhos. Ninguém muda, apenas encontra novas faces do mesmo poliedro. A reverberação continuará em suas novas formas e disposições. Nada novo, apenas reciclagem de material utilizado e cansado de tanto ser esticado e encolhido conforme a necessidade.
Pedaços justapostos, ou mesmo sobrepostos, sem jamais alcançar o brilho do que poderia ter sido um dia...
Nem mesmo esse degredo será suficiente para aplacar a fúria e o apetite pelo novo.
Sonharam por mim, sem que tivessem procuração. Viveram por mim, sem consentimento. Cheguei sem ser esperada nem desejada. E pior, nunca senti-me aceita ou acolhida.
Apenas algo a ser tolerado pelas conveniências e obrigações.
Nada fiz, nada pedi, apenas rebelei-me. Mas com que objetivo? Quais eram minhas vontades além de negar o que era impostura?
Nem mesmo sei de onde parti. Onde chegarei? Ao fim, como todo mundo.
Resta a questão do que fazer nesse meio tempo. Negando-me o que quero, ou sem saber o que desejo? Continuo sem saber. Tempo e espaço não existem, são conceitos criados para evitar o caos.
Caos. Seria esse meu lar, minha essência, meu destino e vontade?
Degredo. Perder-me para quem sabe encontrar-me.
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