terça-feira, 13 de agosto de 2013

Tristeza

Tristeza é um poço sem fundo. Quanto mais você alimenta mais ela pede.
Sempre com o bico aberto, aguardando novos sonhos e esperanças, motivações e realizações, amores e amizades, tudo que for não volta.
Caminho sem fim, cansaço sem repouso, vigília sem sono. Eterno despertar numa madrugada fria e inóspita.
Tudo é pouco, nada basta.
O repleto do feliz é o vazio que corrói as entranhas da alma do eterno descontente.
Mas quantas desilusões são necessárias para que uma pessoa se torne infeliz?
A pessoa pode ter se sentido infeliz durante uma vida, passado longos anos acreditando ser feliz, e um dia acordar infeliz novamente.
Aquele sentimento conhecido, que parece não ter segredos e que se conforta tão bem em seu íntimo. É como um velho amigo que volta para reivindicar o seu lugar. O caracol que por milagre retorna a sua concha, vestindo a como uma roupa velha, gasta e adequada.
Esse lugar já não mais lhe pertence, mas mesmo assim, como foi possível haver espantado a felicidade e se alojado com unhas, garras e dentes de forma tão profunda?
Que direito lhe foi dado para de forma tão abrupta aniquilar os resquícios de esperança, os escombros de ilusão?
Nada, nem mesmo a morte é uma solução. A morte é o fim. O nada. O não sentir. O ápice o aniquilamento. Mas não a felicidade.
É estranhamente uma desconhecida essa felicidade. Superficial e móvel, qualquer abalo a leva. Ser feliz deve ser uma ciência para poucos. Há quem diga que a felicidade é para os ignorantes. Será?
Caso seja, trocaria todo o meu saber pela obtusidade, por um pouco de felicidade. Uma alegria vã. A passagem de um sorriso, uma leveza no peito e uma certeza de que tudo será melhor.
Mas não sou assim. Tratarei de carregar meu fardo tentando agarrar umas poucas alegrias que passem pelo caminho. E imaginar que a felicidade voltou, como se isso fosse possível.


Nenhum comentário:

Postar um comentário